20/06/2009

Viva os decidébeis

3 e muitas da manhã. Descobri da pior maneira que o vizinho é fã de música sertaneja. E tem bons pulmões. Porque está acompanhando a letra sem perder o fôlego. “Viva os pulmões do vizinho”, penso eu no melhor estilo Polyanna de ser.

E tem um som potente. Assim como todas as pessoas agraciadas pelo mau gosto. Como aquele cara do Chevette dourado ano 79 que parou do seu lado no sinal e acelerou seu dia com todas as velocidades do créu. Ou você já viu alguma caranga de mala aberta, espalhando “I wanna hold your hand” por aí? Geralmente está mais para “I wanna fuck your head”. Está comprovado: a potência do som é diretamente proporcional à cafonice.

Melhor voltar a dormir. Talvez eu sonhe com a infância e acorde com saudade de ouvir “Que que ocê foi fazer no mato Maria Chiquiiiinha”. “Viva os ouvidos do vizinho”, penso eu no melhor estilo “só de sacanagem”.

A investidora insana e o hóspede inconveniente

- Ei! Quem é você? Ninguém te disse que é falta de educação chegar assim sem avisar no coração dos outros?
- ...
- Quem te deixou tirar os sapatos?
- ...
- Não, não é da sua conta o que tem na minha geladeira!
- ...
- Dá pra tirar o pé do meu sofá? Grata.
- ...
- Que folga a sua mudar de canal!
- ...
- Quem você pensa que é pra trocar os móveis de lugar?

E assim ele surgiu na vida dela: com a intimidade de quem volta pra casa.

- É, pensando bem não gostei da localização do imóvel. Vou nessa.

E foi embora com o desapego de quem errou de endereço.

Libertinagem de expressão

4 anos. 1460 dias de aventura rumo ao conhecimento, com direito a curso extra de sobrevivência no ônibus (aprovada com excelente média de um único assalto no trajeto). O prêmio no final? Um diploma para a sua mãe colocar na parede.

Jornalista, jornaleiro, ascensorista, assessor. Tudo a mesma coisa. E só precisava de vocação. E eu vou caçando uma explicação. Vão-se os papéis e ficamos ilesos?

01/06/2009

O Patinho Feio contemporâneo

Quando o dinamarquês Hans Christian Andersen escreveu "O Patinho Feio" em 1843, não fazia ideia de que a fábula ganharia sua versão moderna em 2009. Pode ser essa a explicação para o "fenômeno" Susan Boyle.
A caloura escocesa é assunto há semanas e seus videos no youtube também. Mas o que será que viram nela? Ok, ela tem uma voz potente. Mas nada muito diferente das inúmeras cantoras que já passaram por esse tipo de programa (grande parte delas praticamente ignoradas ou no máximo, posteriormente esquecidas diga-se de passagem).
Talvez tanto alarde se explique pela aparência tenebrosa. Porque a impressão que dá é de que se ela fosse alta, loira e magra, passaria batido aos olhos do mundo.
Mas com o pacote completo da "bruxa de historinha", à primeira vista a gente tem impressão que só falta a verruga e que assim que ela abrir a boca, vem uma voz igualmente assustadora. E então surge o timbre angelical. Pronto. O cisne negro dá o ar da graça. E no espectador surge um sentimento de culpa pelo julgamento precipitado e quase que automaticamente uma certa compaixão por "aquela mulher tão feia mas que pelo menos canta horrores tadinha".
Essa semana ela foi internada com sintomas de depressão. Parece que não aguentou o peso de se tornar celebridade assim tão rápido. É Susan...ser a princesa traz um glamour incontestável, mas a pressão em cima da vilã costuma ser menor.