24/03/2010

Gray but Great

São Paulo de cima intimida. São pontinhos acobreados de tamanho mínimo que te dão a impressão de ser ainda menor.
São Paulo de baixo conforta. São tantos sotaques diferentes que você se sente em casa, não importa de onde tenha vindo.
São Paulo de longe dá saudade. São dias em que você se sente meio mulher de bandido, com saudade de alguém que te dá porrada mas você não tem coragem de abandonar.
São Paulo de perto é um teste de resistência. Ignore o trânsito, as ruas alagadas, as pessoas que montam a casa na calçada e durma com um barulho desses.
Mas até com isso a gente se acostuma. E se duvidar, ainda é capaz de enxergar ali alguma poesia.
Será que a cidade tantas vezes chamada de cinza, pode nos ensinar a ver tudo cor de rosa?

01/03/2010

Um, dois, três e...já!


"Quanto tempo você tem?". Essa era a frase estampada num canteiro da Paulista. Primeiro tive ódio mortal do pichador, porque vandalizou a cidade. Depois, veio uma certa admiração pela pessoa que, embora tenha escolhido uma maneira equivocada para se expressar, deixou no ar uma frase que desde então não sai da minha cabeça.

Quanto tempo você tem? Pra aquela viagem anualmente adiada, pra conhecer o pai dos seus filhos, pra brincar com eles depois de nascidos... e os filhos deles? Será que você vai conhecer? Em um tempo em que tudo gira em torno de velocidade (é fast food, speedy date) relações que antes duravam uma estação, agora só se for a do metrô.

O verão de antes, agora não dura mais que meia dúzia de palavras que chegam em forma de torpedo: "Bora lá pra casa?". E o amor de verão vira amor de ocasião. Assim você ganhou mais tempo pra conhecer superficialmente a "torcida do flamengo". No melhor estilo "Pague um, leve todos". Lucky u. Agora corre! Você já gastou tempo demais lendo esse texto.