28/10/2009

Uma Augusta nada dos anjos

Digna de respeito e veneração. Sagrada, divina. Que demonstra imponência ou solenidade. Que se distingue das demais pela sua excelência. Todas as definições do dicionário para a palavra augusta.

Um certo endereço de mesmo nome em São Paulo parece brincar com o ar pomposo da expressão. E lá vai uma garota de programa exibindo seus áureos brincos by 25 de março. E é mesmo de se respeitar a habilidade que certas figuras têm com o salto alto. Eu, que vim mulher de fábrica, não faria melhor. E tem também o traveco com seu clássico corte de cabelo channel e barba por que não imponente? Provavelmente ele nem saiba que Augusto era também o título conferido a alguns imperadores na Roma Antiga.

Será que foi nisso que aquele grupo de homens de saia pensou ao sair de casa? "Hoje a produção vai ser inspirada em nossos colegas imperadores". Vai ver que é por isso também que a loira ali na frente está vestida para a guerra, pronta para o ataque, a um passo de derrotar a morena de melenas esticadas e partir com o cavelheiro em seu cavalo de aço com ar condicionado, som, alarme e trava elétrica.

O império que Augusto comandava era vasto e heterogêneo. Com várias línguas e povos. E às vezes acho que por aqui também se fala grego: "Mona! Você viu o Bas-fond que uó?! Acho que foi coió ou por causa de aqué o aleijo com a fufa". Parece que a Augusta daqui se superou em termos de diversidade. Tem gente até que parece ter vindo de outro planeta, com suas botas de vinil fluorescente. Alguns vivem por opção num mundo só deles, de frases e olhares alheios. Num balbuciar que só eles compreendem.

Outros vivem contra o mundo. Como o grupinho de emos com pouco mais de 14 anos que desfila por aqui. São praticamente onipresentes, com suas franjas de quem mal pode ser visto e depois reclama que ninguém nota. Aliás, pra quem acha que não tem lugar no mundo e ninguém no mundo gosta deles, até que eles ocupam bastante espaço. Até nas paradas de sucesso. Uó. Acho a música tão laleska. Só serve pra dar elsa no lugar de coisa hype. Não entendeu?! Então vá passear na Augusta!

09/10/2009

Se toca que isso é toc

Lá se foi o tempo em que o "toque" sugeria alguma coisa boa. "Passa um rouge minha filha, pra dar um toque", dizia a sua avó com a melhor das intenções. "Que tal um lacinho pra dar um toque?", sugeria a moça da loja de presentes.
Mas de uns tempos pra cá, a mais popular versão do toc parece mesmo o "toque" de maluquice do TOC (transtorno obsessivo compulsivo). Morar sozinho e ter o seu próprio espaço é um excelente ambiente para desenvolver várias versões dele. Vai dizer que você nunca se viu aflito ao se deparar com um quadro torto na parede? E o tapetinho do banheiro dobrado para cima? Dá pra ignorar? Outro dia me peguei virando todos os biscoitos do vidro para o mesmo lado. Preocupante. Não vai me surpreender se encontrar por aí alguém que organize os biscoitos Passatempo em ordem alfabética.
Uma amiga arruma as roupas no armário por cores. Do mais escuro para o mais claro. Até que o visual fica bonito. A mania mais trabalhosa que eu me lembro era de alguém que dividia os quadros mentalmente até que chegasse ao limite da divisão. Essa não dá pra mim. Nunca fui boa em matemática. Todo maluco que se preze disfarça o surto com a desculpa de "ser organizado". Sejamos francos né? Se toca que isso é TOC. E nesse caso não vai deixar você, a sua avó e muito menos a moça da loja mais felizes. Bagunçar é preciso.