01/02/2010

O Acre da Europa

Eu sabia bem pouco sobre a Dinamarca. Guardadas às devidas proporções culturais, de desenvolvimento e afins, era quase como o “Acre da Europa” para mim. Você até sabe que está lá, mas se te perguntam não lembra nenhuma particularidade pra contar a respeito. A ideia mais próxima que eu tinha era uma tia que mora há uns 20 anos na Suécia. Foi ela quem me deu a dica: “Os dinamarqueses são anos luz mais simpáticos que os suecos”.

Levei a frase na mala. Mas a gente aqui dos trópicos, que cresceu ouvindo que quem vive suado é mais aberto, caliente, comunicativo e etc, nunca compra muito essa imagem de europeus receptivos.

Paguei a língua no primeiro dia. Fui recebida com sorrisos e gestos tão solícitos que chegavam a ser desconcertantes. Eles não têm essa coisa de beijar o rosto, se tocar o tempo todo enquanto falam ou algo do tipo, mas demonstram seu zelo através da hospitalidade, das infinitas guloseimas e do interesse em armazenar todas as informações que puderem sobre o Brasil. Dados que vão desde a comida até a população de cada Estado. Confesso que esse último me rendeu várias saias justas.

Outra sensação que guardo é a de andar pelas ruas de Copenhagen. Ali descobri que existem mais tons de cinza do que eu podia supor e que eles podem sim compor paisagens inspiradoras que nem de longe remetem a algo triste. Por diversas vezes me deparei com cenas que mereciam ser emolduradas: parques cobertos de neve, vilas de casas antigas e suas bicicletas delicadamente posicionadas em frente, o colorido das bancas de frutas na calçada, prédios e igrejas imponentes que representam com magnitude a poesia do velho mundo.

Voltei de lá decidida a absorver um pouco da disciplina e da calma dos dinamarqueses. Com a lição de casa de aprender um pouco mais sobre o meu próprio país para responder todos os possíveis questionamentos, cheia de belas fotos e com a sensação de que a Dinamarca pode soar bem mais familiar do que podia imaginar a minha tupiniquim filosofia.

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