01/02/2010

Um príncipe que veio de avião e foi embora a jato

Aeroporto de Congonhas, vôo da madrugada. Não sei por que me preocupei tanto com a roupa se a cara está pra lá de amassada. Por outro lado, acho que ninguém vai notar. Estão todos dormindo em pé tanto quanto eu.

Tento fazer da janela fria do avião o meu travesseiro quando ele entra. Hum bonito...bem que podia sentar ao meu lado, mas...sentou na fileira seguinte. Tudo bem, a minha cara de validade vencida ficaria ainda pior tão de perto. Melhor voltar pro meu travesseiro gélido.

Só acordei com a voz firme do piloto: “Tripulação, pouso autorizado”. Estava constatando que meu rímel tinha virado blush quando ele me perguntou: “Qual foi a temperatura que o piloto disse que estava em São Paulo?” Ainda processando a informação e tentando acordar, respondi errado. Mas tudo bem, ao menos serviu para começar o papo, que continuou na hora de buscar a bagagem. Nos despedimos quando eu peguei a conexão e ele desembarcou em Sampa.

Pra mim, seriam mais de duas horas até o próximo vôo. Só restava então perambular pelo aeroporto, e na mehor das hípóteses, me distrair com aqueles perfumes e maquiagem que eu nunca vou comprar. Já estava tentando enxergar as coisas do avesso pra ver se o tédio passava quando...ressurge o ser. O meu companheiro de vôo gato e sorridente voltou. Deixou as malas em casa e voltou pra tomar café comigo e me fazer companhia.

Apesar da abordagem inicial esdrúxula, no retorno o papo flui super bem. Conversa agradável, inteligente e espirituosa. E sim...ele é lindo! Me fez prometer que ligo pra ele quando for a São Paulo. Tem um cheiro bom e me olha como se eu fosse a mulher mais linda do mundo (mesmo que eu exiba em detalhes todos os efeitos colaterais de um vôo às 3 da manhã).

Linda história, não?! Lindo conto de fadas moderno, onde o príncipe abandona o cavalo branco e vem de avião. Não é maravilhoso?! Não, não é! Seria. Se eu fosse menos observadora e não tivesse notado a aliança de casado assim que ele entrou no avião (e que ele não usava quando falou comigo pela primeira vez). Fingi não perceber porque o papo era agradável. E passar horas vendo coisas que eu não vou comprar seria tedioso. E foi assim que o príncipe veio de avião. E foi embora a jato.

Um comentário:

Karen Kipnis disse...

Gostei, bem sacado e com o 'golpe final' que um miniconto exige.
Abraço,KK